Infelizmente
não tive a grande graça que grande parte dos cristãos da Arquidiocese de Campo
Grande teve de acompanhar, tocar e carregar a Cruz do BOTEFÉ e o Ícone de Nossa
Senhora! Porém estou tendo a grande graça de ver os olhos brilharem, as vozes embargarem
de emoção quando falam daquilo que viram, sentiram e viveram ao se aproximarem destes
dois símbolos tão simples e tão fascinantes. Não dá para controlar a emoção,
quando uma adolescente de apenas 15 anos que a gente encontra no ônibus
voltando da escola, depois de um dia quem cheio e se aproxima e diz quase
choramingando de emoção: “irmão eu carreguei a cruz do Botefé”, ou ouvir de
outro adolescente que narra cheio brilho no olhar e entusiasmado: “saí correndo
da aula e fiquei plantei ao lado da cruz na catedral, pois sabia que ela
entraria na celebração e alguém teria que carrega-la, fiquei ali pronto para
entrar com ela. E entrei carregando-a em meus ombros”.
Essa é a Cruz de Jesus! Vai onde ninguém quer ir. |
E ainda
tem gente sem coração que diz: “esses jovens de hoje não querem nada com nada”.
Quem pensa ou diz isso só pode não ter experiência da cruz. Fiquei sem fala
quando a Rafinha me disse: “irmão a minha mãe, grávida de seis meses, andou com
a gente todo o percurso do Botefé da Forania Sul, e quando ela, tocou na cruz e
no ícone, o Rafinha (maninho que está chegando) se mexeu dentro dela”. Não é
por nada não, mas tem muita gente por aí pregando um cristo que dá medo, um
cristo sem cruz, mas com o evento Botefé, com a entrega da Juventude que não
mede esforço nem sacrifício quando acredita numa proposta, não dá mais para se
continuar com esse cristo des-crucificado.
Ah!
Essa Cruz! Que parece loucura para os fracos e os falsos crentes, mas que é
sabedoria de Deus para os fortes, os crentes de verdade como é a Juventude
destas nossas comunidades. Ah! Esse rosto de Nossa Senhora, que acompanhando a
Cruz do Seu Filho, faz tanta gente chorar de alegria e de emoção. Fico impressionado,
quando dioceses, bispos, paróquias, pároco, comunidades e lideranças
comunitárias encontram tanta dificuldade para mobilizar a evangelização, pois
um evento como este o Botefé animado por jovens e adolescentes dá show de
organização, de luta, de conquistas. Nasceu-me uma grande dúvida neste Botefé e
me coloca a questão, mas também convido a todos e todas a refletirem: será que
aquilo a quem muitos chamam de falta de vontade da juventude não será falta de
referência de lideranças comunitárias e de pastores apaixonados de verdade pelos
seus rebanhos? Ficou nítido pelo menos naquilo que pude acompanhar mais de
perto, onde os pastores e as lideranças paroquiais e comunitárias caminharam
junto com a Juventude a Cruz e o Ícone passaram como que numa apoteose e
marcaram para sempre a vida de uma geração midiática, mas espiritualizada com outro
jeito de acreditar e de rezar.
A mesma
geração, que assusta muita gente que se sente pura e santa, não está tendo medo
de expor a cruz que passou a carregar no peito, e em pleno coletivo entoar o
refrão tão antigo e tão jovem do Padre Zezinho, que vai embalar a Jornada
Mundial da Juventude (JMJ) de 2013: “no peito eu levo uma cruz, e no meu coração, o que disse
Jesus”. E o que ele disse? “Vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Notícia”,
frase que o Saudoso Papa da Juventude, Beato João Paulo II, repetia em 1984,
quando confiou a Cruz à Juventude do mundo inteiro.
“Irmão Eu toquei a cruz! Eu carreguei a
cruz!” Essas frases continuarão soando
por muito tempo em meus ouvidos, para lembrar-me sempre de que a Juventude não
é qualquer coisa, pelo contrário, a Juventude é gente que pode e sabe que pode,
e não está nem aí para os ressentidos do passado que pensam ou dizem o
contrário. Essa é para a minha geração já mais rodada: “não sabemos o que fazer
com a Igreja, entreguemo-la nas mãos dos jovens, tenho certeza que eles darão
um jeito. E um jeito bem bonito.”.
Campo
Grande a Cruz e o Ícone acordaram os jovens! Revitalizaram-nos. Por favor, não
os adormeça e pior ainda, não os mate com o tédio da mesmice, da falta de
criatividade de nossas pastorais tão enfadonhas.
Está
na hora da Igreja parar de preservar o vaso de argila que conduz com tanto
cuidado: as estruturas, os dogmas pessoais de párocos e lideranças paroquiais,
e dar maior atenção e mais espaço para o tesouro que está no vaso, a JUVENTUDE.
Essa Juventude, que não quer só comida, mas quer a vida e a quer como ela é.
Ah! Essa CRUZ! Esse ROSTO! Esses OLHOS! Essas LÁGRIMAS! Esses
SONHOS! Esse JEITO DIFERENTE DE AMAR!
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